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Comissão Nacional Organização apresenta apreciações dos resultados eleitorais
A Comissão Nacional de Organização – CNO, elaborou um conjunto de apreciações dos resultados eleitorais publicados, como subsídio ao exame nacional e estadual do desempenho partidário. A Comissão Política Nacional e o Comitê Central farão o exame dessa realidade para extrair conclusões políticas e perspectivas no curso das modificações promovidas na realidade política do país, pós-eleições.
Uma avaliação política dos resultados eleitorais deve ser precedida de um exame objetivo de dados. O 2º turno foi disputado em 50 cidades e definem resultados políticos em termos de forças político-partidárias em presença.
No 1º turno, o quadro geral de prefeituras conquistadas, comparando a série histórica, foi o demonstrado na TABELA 1:
No 2º turno estiveram em disputa 50 cidades e os resultados estão na TABELA 2:
Abaixo, a representação gráfica da evolução da força municipal dos partidos.
Fonte: G1
Em termos de votos nacionais obtidos, pode-se ver a TABELA 3:
Fonte: G1
E em termos de população governada e PIB os resultados finais podem ser vistos na TABELA 4
Fonte: O Globo
Quanto aos vereadores eleitos, comparando 2008 e 2012, os partidos se comportaram conforme gráfico, em todos os municípios, inclusive nas capitais:
Fonte G1
Considerados os resultados finais já com os do 2º turno, o quadro de distribuição das forças partidárias ficou como exposto na TABELA 5:
Fonte: G1
O gráfico a seguir, mostra o desempenho dos partidos nas cidades com mais de 200 mil eleitores:
Fonte: G1
A vitória em São Paulo é extraordinária a qualquer título, pelo que representa e pelo que projeta. Ela se dá em meio a expressivo avanço da base do governo Dilma, notadamente à esquerda, com PT, PSB e PCdoB, mantendo-se a força do PMDB e irrompendo na cena centrista o PSD como quarta força. Todos fortalecem Dilma na presidência e abrem uma nova exigência de arranjos políticos para o governo federal e para 2014. O novo quadro coloca, também, outras variáveis de força nas articulações, notadamente as do PSB.
Mas há uma maior estratificação de forças partidárias, que aumentaram seu poder relativo. Isso desconcentra poderes que alimentaram a polarização forçada nos últimos anos entre PT e PSDB. Nas capitais, serão 11 partidos, e nas 85 maiores cidades do país, 16 partidos que detêm governos. Destacou-se o PSB – o que detém mais capitais e mais cresceu no grupo das 85 maiores cidades; o PT – que continua o que detém maior número de prefeituras entre essas 85 cidades e eleitorado governado, mesmo tendo perdido 6 cidades desde 2008; e PCdoB, que avançou 100% em conquistas nesse grupo de cidades, de 2 para 4, Olinda em PE e as demais no Sudeste. O PDT recuou em números globais, mas aumentou também as prefeituras nas grandes cidades e detém 3 capitais. Ao centro do espectro, o PMDB diminuiu, inclusive nas grandes cidades, mas ainda detém o maior em número de prefeitos no país; assoma o PSD como a quarta força, abrindo terreno; cresceram também PSC, PV, PRB e outras legendas menores. Caem o PTB, PR, e PP.
Na oposição, diminuíram DEM, PSDB e o PPS. O PSDB detém ainda a terceira posição partidária no país, presente em grandes municípios. Minguou notadamente com a derrota em São Paulo e manteve Manaus entre grandes capitais; em Salvador o DEM subsiste. NO PSDB, Aécio fez movimento mais amplo mas não pode demonstrar grande vitória: em seu próprio Estado não acumulou. Pode-se dizer que está relativamente mais forte porque tira Serra do caminho e, de todo modo, ele procurará liderar o partido que é o esteio da oposição. Mas há Alckmin, que em seu Estado é, todavia, mais forte que Aécio em MG, mesmo tendo recuado nesta eleição, e com nuvens pelo caminho rumo à reeleição em SP em 2014.
O PT cresce acentuadamente no NE, e também no S e SE. O PSB é especialmente crescente no NE, mas avançou relativamente no SE. O PCdoB também inseriu-se com mais três grandes cidades do SE – Contagem, Jundiaí e Belford Roxo – que se somam a Olinda. O PCdoB perdeu, entretanto, a capital que governava – Aracaju – e não conquistou nenhuma nova.
Veja os gráficos abaixo das regiões Sudeste e Sul
Fonte O Globo
Nas cidades com mais de 100 mil habitantes a estratificação das forças é maior.
Fonte: O Globo
Um dado particular é relativo à participação das mulheres. Abaixo algumas tabelas indicando a participação feminina nas eleições de 2012. Veja TABELAS 6; 7; 8 E 9. (Fonte: José Eustáquio Diniz Alves, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em estudos populacionais e pesquisas sociais da escola nacional de ciências estatísticas – ENCE/IBGE e TSE).
Nesse espectro de forças, o PCdoB apresentou um projeto eleitoral determinado a conquistar maior espaço político.
Espraiou o número de candidaturas. Ampliou, com respeito a 2008, em 61% as candidaturas a vereador, 17% as de prefeito e alcançou 20% a mais de municípios onde se apresentou à disputa. O número de candidatos a vereador passou de 7.527 lançados em 2008 para 12.129 em 2012, um crescimento de 61,1%. Elevou o número de municípios em que lançou candidatos em 20,1%, de 1.920 em 2008 para 2.306 em 2012.
Ampliou a votação. Incrementou, com respeito a 2008, 31,5% a votação a vereadores, alcançando 2,7% dos votos válidos nacionais, que eram 2,14% em 2008, portanto 26% maior. A votação a prefeito aumentou em 6% (a comparação deve levar em conta candidaturas exitosas que não foram repetidas, como a de Flávio Dino em São Luís, que alcançou em 2008 44% dos votos). A porcentagem dos votos válidos a prefeito alcançada nacionalmente foi de 1,82%.
Ampliou a representação. Elegeu 976 vereadores, 62% a mais que em 2008, 52 prefeitos no 1º turno – 27% mais que em 2008, e 56 com os resultados do 2º turno, 36,5% de incremento e ainda 29% a mais de vice-prefeitos, totalizando 85 no total.
Aumentou sua identidade eleitoral e força própria. Afirmou caminhos próprios em 6 capitais com candidaturas a prefeito, isoladamente a opção mais frequente – seguem-se coligações majoritárias com PT em cinco capitais, com PSB em quatro e ainda com PMDB, PDT, PTC e outros partidos. Superou em grande medida as concentrações de candidaturas, com chapas amplas de vereadores ou nominatas próprias. Em dez capitais elegeu vereadores em chapas desse tipo.
Ampliou o número de grandes cidades que governará, com maior eleitorado e maior orçamento. No total, governará cidades que somam 2,3 milhões de habitantes e um orçamento estimado de 5 bilhões.
Serão 4 cidades entre as 85 maiores do país, e mais duas com mais de 100 mil habitantes. O PCdoB perdeu o governo da capital Aracaju, não conquistou nenhuma nova. Nas seis capitais onde apresentou candidaturas a prefeito foi o seguinte (VER TABELA 10):
Manteve Olinda em sua quarta gestão, Contagem, Jundiaí e Belford Roxo; reelegeu Juazeiro e conquistou Barra Mansa, no RJ. Nos municípios entre 100 e 200 mil habitantes, tem 3,8% do total de prefeitos; e 90,3% exercerão o mandato em cidades com menos de 50 mil habitantes.
Das 41 prefeituras conquistadas em 2008, se reelegeram 7 e alcançou-se 2 sucessões com candidatos do PCdoB. Das 56 prefeituras conquistadas, foi renovado o mandato em somente 9 cidades, o que significa que em 44 cidades se está no primeiro mandato para prefeito. Em 14 cidades governadas pelo PCdoB não se alcançou novo mandato em 2012.
Elegemos também, 85 vice-prefeitos. Crescemos em 28,8% o número de vice-prefeitos em relação a 2008.
Está mais presente em todo o país. A força maior do partido está no nordeste com 36 prefeitos eleitos e 62 vices – notadamente BA, CE, PI e MA – e no sudeste, com 15 prefeitos e 9 vices. Mas o Sudeste ascendeu, vinha de 2 prefeitos em 2008, enquanto o NE manteve-se em 36 no total, tanto em 2008 quanto 2012. O Norte elegeu 5 prefeitos e 9 vices – em 2008 eram 2 prefeitos. Sul e Centro-Oeste não elegeram prefeitos, mas elegeram vices. Em todas as regiões do país a votação aumentou substancialmente.
Quanto a vereadores, a força partidária é crescente em todas as regiões em termos de candidaturas, votação e eleitos. Nas capitais passamos a 22 vereadores em 16 capitais (tínhamos 21 vereadores em 2008), mas foi grande a renovação de titulares. Dos 21 vereadores em 2008, só 8 se reelegeram. Os demais são mandatos novos. Ver TABELA 11:
As chapas próprias ou amplas para vereadores foram exitosas em 10 capitais. Também releva a eleição de 6 candidatos novos em 4 capitais. Em 7 capitais, permanecemos sem mandatários. O caso de Jamil Murad é emblemático de uma perda que fará muita falta ao povo de SP e ao trabalho do PCdoB.
Do total de vereadores eleitos do PCdoB 2,25% terão mandatos em capitais. Nas demais 59 cidades com mais de 200 mil eleitores, elegeram-se 60 vereadores, 6,14% do total eleito. Naquelas com mais de 100 mil eleitores, outros 49 eleitos, 5%; nas de 50 a 100 mil eleitores, 114, 11,6%. Outros 27,8% foram eleitos em cidades entre 20 e 50 mil habitantes, e 47,02% com menos de 20 mil habitantes – totalizando 75% dos mandatos em cidades com menos de 50 mil habitantes.
No nordeste elegeram-se 629 vagas, 64% do total; no sudeste, 166, 17% do total. O restante no norte e centro-oeste, 19%.
Segue forte entre as mulheres e na promoção de sua participação política. O PCdoB lançou 31 mulheres candidatas a prefeitura e elegeu 3, (10%), o que equivale a 6% do número total de prefeitos (as) eleitos. Em relação a vice-prefeitas o número de eleitas é superior: lançamos 65 e elegemos 18, o que equivale a 21% do total dos eleitos. Lançou 3.893, (32%) de candidatas a vereadoras e elegeu 133, (14%) do total de 976 vereadores eleitos.
***
O PCdoB parte de uma base restrita, acumula gradativamente e apresentou-se, neste ano, à cena das disputas principais. Qualificam seus resultados a conquista de vice em São Paulo, e o resultado relativo ao papel do PCdoB em São Luís, com a candidatura de um aliado do PTC, o que vai abrir caminho à tentativa de conquista de um governo estadual em 2014 do PCdoB. Como também as vitórias alcançadas em Olinda no 1º turno e, no 2º turno, em Contagem, Jundiaí e Belford Roxo; também as de Juazeiro (BA) e Barra Mansa (RJ). Politicamente, fica marcada a conquista de vice em importantes capitais, destacadamente São Paulo, como também em Recife e Rio Branco, e o resultado relativo ao papel do PCdoB em São Luís, com a candidatura de um aliado do PTC, é de grande valor para abrir caminho à tentativa de conquista de um governo estadual em 2014.
Os resultados alcançados permitem sustentar a perspectiva de um resultado proporcional mais avançado em 2014, ultrapassando o limiar de 15 deputados federais de fato. A correlação entre resultados municipais e resultados proporcionais nacionais está bem estabelecida na série histórica eleitoral brasileira. As gestões das importantes prefeituras alcançadas e a quantidade de vereadores eleitos terão papel destacado e apontam nesse rumo.
A construção de um projeto eleitoral amplo, extensivo e intensivo a um só tempo, é um caminho sem volta. Precisa ser trilhado por anos mais para o PCdoB seguir na acumulação eleitoral firmando sua identidade própria nesse terreno. Isso implica seguir abrindo o partido a novas e expressivas lideranças da sociedade, ao lado da construção de profundas relações com a sociedade civil e o movimento social e a luta de ideias, nos termos da realidade da disputa política brasileira.
Há situações cumulativas e há momentos em que pode haver saltos políticos – isso dependerá do curso político dos acontecimentos nacionais. De todo modo, o fato de o PCdoB se apresentar amplamente à sociedade em momentos de eleições e disputá-las efetivamente, são uma premissa básica.
Um outro conjunto de consequências dirá respeito à construção partidária nesse mesmo termo. É um exame que se fará num momento subsequente a este.
Comissão Nacional de Organização do PCdoB
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