O Massacre
de Eldorado dos Carajás foi a morte de
dezenove sem-terra que ocorreu em 17 de abril de 1996 no município
de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, Brasil decorrente da ação
da polícia do estado do Pará.
Dezenove sem-terra foram mortos
pela Polícia Militar do Estado do Pará. O confronto ocorreu quando
1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma
marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras,
principalmente as da Fazenda Macaxeira. A Polícia Militar foi
encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a
rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado.
Cruz marca o local do massacre
em Eldorado dos Carajás
O episódio se deu no governo
de Almir Gabriel, o então governador. A ordem para a ação policial
partiu do Secretário de Segurança do Pará, Paulo Sette Câmara,
que declarou, depois do ocorrido, que autorizara "usar a força
necessária, inclusive atirar". De acordo com os sem-terra
ouvidos pela imprensa na época, os policiais chegaram ao local
jogando bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo o legista Nelson
Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terra foram
executados a queima roupa. Sete lavradores foram mortos por
instrumentos cortantes, como foices e facões.
O comando da operação estava
a cargo do coronel Mário Colares Pantoja, que foi afastado, no mesmo
dia, ficando 30 dias em prisão domiciliar, determinada pelo
governador do Estado, e depois liberado. Ele perdeu o comando do
Batalhão de Marabá. O ministro da Agricultura, Andrade Vieira,
encarregado da reforma agrária, pediu demissão na mesma noite,
sendo substituído, dias depois, pelo senador Arlindo Porto.
Uma semana depois do massacre,
o Governo Federal confirmou a criação do Ministério da Reforma
Agrária e indicou o então presidente do Ibama, Raul Jungmann, para
o cargo de ministro. José Gregori, que na época era chefe de
gabinete do então ministro da Justiça, Nelson Jobim, declarou que
"o réu desse crime é a polícia, que teve um comandante que
agiu de forma inadequada, de uma maneira que jamais poderia ter
agido", ao avaliar o vídeo do confronto.
O então presidente Fernando
Henrique Cardoso determinou que tropas do exército fossem deslocadas
para a região em 19 de abril com o objetivo de conter a escalada de
violência. O presidente pediu a prisão imediata dos responsáveis
pelo massacre.
O ministro da Justiça, Nelson
Jobim, juntou-se às autoridades policiais e do Judiciário, no Pará,
a pedido do governo federal, para acompanhar as investigações. O
general Alberto Cardoso, ministro-chefe da Casa Militar da
Presidência da República, foi o primeiro representante do governo a
chegar a Eldorado dos Carajás.
Comentários
Postar um comentário